Monday, May 31, 2010

Órfã

Estava tão apegada ao livro que começara a ler dois meses antes, que ao chegar ao final, tive que ler os agradecimentos na esperança de prolongar meus últimos momentos com ele.

Fechei a contra capa. Agora olho fixamente para a estante de livros. Dezenas deles me olham de volta esperando a sua vez.

Terminar um livro é morrer um pouco. Não é fácil despedir-se daqueles personagens que passam pelas nossas vidas traduzindo-nos em linhas nunca antes lidas, mas de súbito reconhecidas.

Agora é luto, que passa com outra história para renascer e morrer de novo.

Ps: Obrigada, amigo Tapioca, pelo presente de luto.

Tuesday, May 11, 2010

C'est la vie

Fazia sol e embaixo do pé de mexerica havia uma sombra gostosa. Peguei uma toalha velha, meu livro e deitei debaixo da "mexeriqueira". O livro estava bom, mas a grama também. Tão confortável que dormi.

Acordei com o sol queimando meus pés. Estiquei a coluna com preguiça e continuei lá parada, deitada de bruço observando só o que o meu campo de visão permitia.

Primeiro vi uma formiga grande, daquelas de bunda vermelha, ela se aproximava de mim com pressa. Andava desajeitada e feia, contornando a topografia do terreno. Logo depois apareceu um passarinho branco de cabeça preta, tão elegante que parecia dançar balé. Ele dava passos curtos sem perder a postura. Era bom observar aquela ave. Era leve. Acho que poderia ficar lá o dia todo só vendo ele se mover com graça. Depois de alguns minutos de contemplação senti uma picada no pé. A formiga me picou.