Wednesday, December 22, 2010

Marguerite Duras

Ganhei um livro de uma amiga muito especial: Olhos azuis cabelos pretos da Marguerite Duras. Ainda estou lendo, sou lenta mesmo.

Na dedicatória minha amiga Lenise citou uma frase da Marguerite: "Não existe nada mais público que aquilo que é rigorosamente pessoal".

Valeu, Lerê!

Assinaturas

Eram dois livros iguais na estante. Um pertenceu ao meu pai e o outro a minha mãe. O que foi do meu pai estava mais gasto. O da minha mãe, estava melhor, para um livro que era de 74. Levei-o para ler no avião. Eram pequenos contos, ideal para uma viagem rápida. Ao abrir o livro lá estava ela: perfeita, rígida, firme, opressora, a assinatura da minha mãe. Sempre tive medo da letra dela. Letra de professora. Letra do tipo mais rigososo de professora: da mãe-professora. Até hoje quando vejo a letra perfeita em recados na geladeira sinto um pequeno temor da infância me rodeando como um fantasma que mesmo morto tem existência.

Pego agora o livro do meu pai e lá está seu nome assinado. Vejo a delicadeza, era como se ele estivesse escrito à pluma. De tão leve, a caneta bic quase fica apagada. Ele não usa força para escrever, nem para viver. Não é uma letra bonita como a da minha mãe, mas é macia. A ausência de rigidez a deixa leve, flutuando na página, ao contrário da assinatura da minha mãe, que está cravada no livro e em mim.