Letícia sai para uma caminhada em sua vizinhança e passa por estranhos, pessoas aparentemente marcantes que logo serão esquecidas.
Ouve barulhos de criança que vem de um grande parque a sua frente. Resolve entrar. O parque é sujo, cheio de papéis, restos de copos plásticos; nada que ela esperava encontrar a milhares de quilômetros de casa. Estrangeiros e locais dividem o espaço público em pequenas rodas de violão, ou de cerveja, ou de maconha. E ha os solitários como ela, que leem ou olham a paisagem.
Ela estende a canga preta e branca que havia comprado de um ambulante em uma praia da sua terra natal e deita na grama. Observa tudo e tenta encontrar um significado para este momento em sua vida. Não encontra nada. Abre um livro, lê um parágrafo. O livro é bom, não há duvidas, mas um pouco masculino demais para a sua sensibilidade.
Um pouco enfadada do livro, abre seu bloco de notas e com a caneta macia que ganhou de presente de formatura, põe-se a escrever.
Escreve para ficar alheia a tudo. Para ficar invisível para o resto e visível para si mesma. Lembra-se da noite anterior: músicas, sotaques, línguas, drogas, bebidas e Joaquim.
Tão perdido quanto ela, sóbrio no meio de tanta gente louca. A princípio Letícia não o notou, reparou mais em seu amigo Rafael, um belo exemplo da raça masculina. Joaquim era normal, mas depois de sua primeira palavra, sua beleza cresceu. Era inteligente, engraçado, atencioso e quando sorria mostrava os dentes e fechava os olhos. Ela gostava de ver as pequenas rugas que se formavam ao redor dos seus olhos castanhos.
Naqueles momentos juntos não havia o seu país nem o dele, muito menos a música e as pessoas ensandecidas. Só havia dois jovens rindo e fazendo uma salada de idiomas. E como nada é perfeito, Joaquim vai ser pai de uma garotinha em 2 meses. Foi bom. Uma desesperança que a encheu de esperança. Lembranças que vem como o vento.
Tuesday, May 12, 2009
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