Saiam todos. Não quero ninguém aqui. Entendi o significado da chuva. É hora de ficar só.
Só escutando os pingos batendo contra o vidro. Nem a minha música preferida consegue soar tão linda quanto a chuva à noite.
De dia é muito barulho, mas à noite é uma sinfonia com solos de pneus roçando as poças d'águas do asfalto. Sozinha consigo escutar tudo isso.
Consigo escutar também o meu desejo que me pede para ficar só. Queria ficar assim para sempre. Mas como diz dona Glícia:
- Loucura mesmo é ficar só.
Tuesday, September 28, 2010
Monday, September 13, 2010
Azul cor de unha
A manhã de céu azul era um convite para sair de casa e fazer uma boa caminhada com a minha irmã. Não andamos nem mais que 200 metros e vimos aquele senhor de cabeça branca sentado no banquinho, olhando fixamente para lagoa. Pensei ter visto meu pai. Chegamos mais perto e era ele mesmo. Pegamos-no de surpresa nos traindo com a tristeza e a solidão.
- O que faz aí, papai?
- Vim pegar um solzinho, tá frio lá em casa - e sorria escondendo a verdade dos seus olhos.
- A lagoa tá feia, não tá?
- Não. Tô achando a vista bonita. Aqui é muito bonito.
- Bem, acho que tem uns lugares melhores, antes das capivaras, vai lá dar uma olhada, agora tenho horário no salão.
- Ah, vai fazer as unhas? e olhou para as minhas mãos pintadas com esmalte azul.
- Aham, vou.
- Passa vermelho dessa vez. Não me entenda mal, eu adoro azul, mas o azul fica mais bonito em outras coisas que não unhas.
- Pode deixar, papai - eu ri - Vou passar um rosa bem feminino, combinado?
Deixei meu pai com a minha irmã e fui ao salão. Quando voltei, os olhos dele brilhavam. Ele tinha conhecido três aeromodelistas e estava impressionando com os pequenos aviões. Já sabia de tudo, das baterias, do peso, do material de que eram feitos. Ele achou incrível que aqueles "brinquedos" pudessem voar. Acho que ele conseguiu voar também. Para bem longe. E quando voltou da pequena viagem, estava melhor. Dava para ver no seu sorriso límpido que não tinha nada a esconder.
Ele precisou de tão pouco. Só de um azul cor de céu.
- O que faz aí, papai?
- Vim pegar um solzinho, tá frio lá em casa - e sorria escondendo a verdade dos seus olhos.
- A lagoa tá feia, não tá?
- Não. Tô achando a vista bonita. Aqui é muito bonito.
- Bem, acho que tem uns lugares melhores, antes das capivaras, vai lá dar uma olhada, agora tenho horário no salão.
- Ah, vai fazer as unhas? e olhou para as minhas mãos pintadas com esmalte azul.
- Aham, vou.
- Passa vermelho dessa vez. Não me entenda mal, eu adoro azul, mas o azul fica mais bonito em outras coisas que não unhas.
- Pode deixar, papai - eu ri - Vou passar um rosa bem feminino, combinado?
Deixei meu pai com a minha irmã e fui ao salão. Quando voltei, os olhos dele brilhavam. Ele tinha conhecido três aeromodelistas e estava impressionando com os pequenos aviões. Já sabia de tudo, das baterias, do peso, do material de que eram feitos. Ele achou incrível que aqueles "brinquedos" pudessem voar. Acho que ele conseguiu voar também. Para bem longe. E quando voltou da pequena viagem, estava melhor. Dava para ver no seu sorriso límpido que não tinha nada a esconder.
Ele precisou de tão pouco. Só de um azul cor de céu.
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