Reclamo muito da rotina. Sete da noite só quero ir para
casa, comer algo leve, ler ou ver um filme e dormir cedo. Mas tem a pós. Chego
em casa às onze, demoro para pegar no sono e vou atrasando minhas leituras e filmes.
Quinta saí do trabalho às sete em ponto como de costume. Não
tinha pós. Me bateu um vazio, queria seguir o caminho que estava acostumada. Quase
chegando em casa, mudei a direção do carro. Rumei de encontro ao acaso. Quis parar
em um lugar e esperar algo acontecer. Parei em um café, pedi o de sempre, mas
haviam mudado o cardápio. Me sugeriram o kebap de frango, novidade do chef. Porque
não? Sem sal. Continuei vazia, querendo algo doce.
Continuei lá mais um tempo, lendo o livro de entrevistas que
comprei por engano achando que eram contos. Estava até interessante. Depois de
umas cinco entrevistas, olhei em volta: casais
mornos se enchendo de talharim. Coloquei o livro dentro da bolsa, paguei a
conta e saí. Nada me aconteceu. O acaso não gosta de ser caçado, ele gosta é da
rotina.