Era noite e eu dirigia pra casa, mais tarde pegaria um ônibus pra São Paulo.
Nos ouvidos, contra a lei de trânsito, fones. Não tinha som no carro e tão pouco compraria.
Não me lembro bem quais músicas estavam tocando. Só de uma, que começava com um violãozinho e um teclado, uma estética bem mpb anos 80. Não fosse sua melodia linda, até poderia tê-la chamado de cafona. Já tinha ouvido aquela canção dezenas de vezes, mas nunca nem parei pra pensar no que o cantor falava.
Naquela noite, no meio do trânsito caótico e completando duas semanas de rompimento, pelo qual não havia derramado uma lágrima sequer, comecei a entender tudo. Tão automático como uma tradução simultânea. Foi aí que chorei. Ia entendendo e chorando.
Não. "Não mereço um beijo partido". E o verso libertador: "eu serei pra você o que não me importa saber". Desde então ouvi várias versões de Beijo partido, em português, inglês, instrumentais. Versões mais bonitas que a do compositor, como a da Nana Caymmi. Outras versões de términos nunca bonitas.
Beijo partido - Toninho Horta
Vale escutar com a Nana e com o Milton
Tuesday, February 2, 2010
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6 comments:
Vai me dizer que não é típico: ouvir, mas quando eu digo ouvir, eu quero dizer ouvir mesmo, uma letra de música que conte a sua história, e quando eu digo a sua história eu quero dizer a sua historia mesmo, no carro, enquanto se enfrenta a estupidez da vida materializada em um engarrafamento?
Quem nunca chorou ouvindo rádio cafona no trânsito pós fim de relacionamento que atire a primeira pedra!
"Ia entendendo e chorando." Como uma música. Lindo.
:)
Muito foda a letra mesmo.
vc ouviu?
O transito tb me faz chorar as vezes, entendo rs
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