Não entendia muito bem quando meu amigo Juan, na época estudante de Filosofia, dizia com seu jeito dramático e professoral que só a beleza (ele não falava arte, metido!) redimiria os homens. Ele, que era religioso (uma contradição ambulante), falava que nem a religião seria capaz de tanto.
Eu já dizia que isso seria papel do amor. Talvez pareça uma visão um pouco religiosa, mas não era disso que eu estava falando. Não era o amor e a fé em Deus. Era o amor aos outros mesmo.
Mas outro dia eu tive uma experiência que uniu amor e arte. Era mais uma segunda-feira deprimente, aqueles dias que a gente custa a sair da cama para encarar a vida. Cancelei meu pilates na hora do almoço e ia ficar na agência enconstada em algum canto para fugir da realidade no meu sono.
Minha amiga e colega de trabalho, Elisa, reclamou sobre os 14 reais que teria que pagar na locadora por um filme que não tinha visto. Era
A Single Man do Tom Ford que foi desgraçadamente traduzido como “Direito de amar”.
- A gente tem duas horas de almoço, Elisa. Vamos ver agora no computador?
Fiquei surpresa. Que filme lindo, sensível! Na minha visão o filme falava justamente como o amor (lato sensu) poderia “salvar”, no caso, um homem da sua ruína. Pode parecer clichê, mas não é. O filme possui cores lavadas e pastéis, mas toda vez que o homem vivenciava uma experiência que envolvesse amor, seja o contato uma amiga, ou o carinho de uma menininha, as cores se esquentavam e ficavam fortes e pulsantes.
O personagem consegue enfrentar a sua solidão e, parece-me, encarar o mundo por causa desse amor a outro ser-humano. E eu consegui encarar a minha segunda-feira graças à arte, ou como diria Juan, à beleza.
ps: O final do filme não é tão previsível assim não, tá? Assistam!
ps: Direito de amar? PQP para essas distribuidoras de filmes brasileiras!