Tuesday, June 16, 2009

Andar sem sair do lugar

Todo dia ele fazia o mesmo caminho. Saía de casa, virava à esquerda, 20 m depois à direita e seguia reto toda a vida. Chegava ao trabalho, saía para o almoço pontualmente. Mesma mesa do mesmo restaurante barato. Café com os mesmos conhecidos, trabalho e o caminho inverso, toda a vida, esquerda, 20 metros e direita.

Um dia interditaram seu caminho, ficou perdido. Sentou-se no chão desesperado. Não conseguia ir para direita nem para a esquerda, tentou descer para debaixo dos seus pés, mas não foi possível. Depois de tanto tempo em pé na frente de casa descobriu um novo caminho, e mais outro, e mais outro e um monte mais. Uns eram mais interessantes, outros mais rápidos, outros perigosos.

Até que um dia, sem mapa, nem GPS viu um caminho diferente que nunca tinha visto, nem sabia que ele existia. Era um caminho cheio de música, cor e risos. Ele adorava esse caminho. Repetia todos os dias, andava por ele saltitando, estava feliz.

No dia seguinte o caminho colorido estava fechado para reformas, a placa dizia que era por pouco tempo. Ele pensou em esperar as reformas, mas passando pelo seu antigo caminho observou que não estava mais interditado. Sentiu-se esquisito, não sabia se passava por essas ruas sem cor que conhecia de cor. Olhou para o caminho colorido pela última vez e seguiu a direita, a esquerda e reto por toda vida.

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