Era seu penúltimo dia em Paris, vivia algo diferente, um estado de euforia provocado pela beleza da cidade e as novidades. Mas seu coração às vezes apertava, porque ele não dava sinais de vida? Logo abafava esse sentimento e a euforia tomava conta novamente.
Foi a um jantar preparado por seus novos amigos. Muito vinho, comida japonesa. Os sabores antigos acionavam uma das suas melhores memórias, o seu intercâmbio. Depois música, muito Paolo Conte, cenas de filme, François Ozon. Tudo aquilo a deixava a beira de um ataque de felicidade.
Quando todos iam para casa ela pensou: não posso ir dormir agora, tenho que aproveitar até a última gota dessa alegria.
Seu amigo a deixou na frente de uma boite da cidade, o Club Social. Ela olhou para o segurança, deixou transparecer sua confiança e entrou. Não era a roupa que escolheria para dançar, nem o sapato, nem o cabelo.
Ali ela tinha outro nome, Valentina. Valente, mas a ideia de estar sozinha em um lugar onde não conhecia ninguém a assustava um pouco. Pensou no bar, lá além de tomar um drink, poderia conversar com o barman, nos filmes isso sempre dava certo.
Analisou o menu. Tudo muito caro para o seu orçamento, a bebida mais barata que conseguiu era 5 euros – um shot de vodka. Virou o shot e encostou o bar, inebriada pelas luzes e a boa música que saía das pick ups do dj. Não se passaram nem 2 minutos e um rapaz se aproximou em francês: posso te convidar para um drink? Sua visão escaneou o rapaz de cima embaixo. Era atraente, cabelos castanhos encaracolados, pele branca cheia de sardinhas. Valentina sempre gostou de sardas, pintas e afins. Ela aceitou a vodka com energético e puseram-se a conversar.
Primeiro assunto: de onde você é? Espanha? Itália? Alemanha? Estados Unidos? Austrália? Índia? Portugal? E dá-lhe geografia, e dá-lhe nenhum acerto.
Rindo ela disse Brasil. A palavra Brasil sempre causou um estranho efeito nos homens estrangeiros, blame it on Rio.
O papo conntinou, o que você faz? O que faz aqui? Quantos dias? Cinema. Música. Filosofia de boite. E danças, e risadas, mais vodka com energético, e fotos e vídeos, e conversas com os amigos do rapaz, e amizades de uma noite só. E beijo. E mais beijo e mais e mais e mais e tesão.
Frederique propôs a Valentina sair logo dali para o seu apartamento. Ela nem pensou duas vezes. Oui, bien sûre.
Saíram os dois loucos pela madrugada parisiense, enconstando nos muros, beijando-se com violência, derrubando motos, e chegaram ao apartamento.
Frederique morava em um grande apartamento que dividia com mais duas amigas. No seu quarto havia vários livros de filosofia, anotações espalhadas, um mapa mundi e um piano. A cama era confortável, ela já foi deitando e ele seguiu atrás, beijaram-se e terminaram o que haviam começado. Foi mais ou menos. Para ela valeu muito mais a aventura.
Depois de tudo Frederique contou que tinha uma namorada na Turquia e que se arrependeu do que tinha acontecido. Valentina não deu a mínima para o desolado arrependimento dele e mais uma vez devorou le garçon, que logo esqueceu sua turca e caiu em um sono pesado. Exausta ela pensou em dormir, a cama estava convidativa e fazia frio. Olhou-o, ele babava no travesseiro completamente apagado.
Não conseguiu pensar nem uma vez, vestiu sua roupa e nem se despediu. Achou a saída do apartamento e saiu pela manhã gélida de Paris. Todas as ruas e edifícios pareciam iguais. Como acharia a casa onde estava hospedada? Seguiu seu instinto que estava falando alto naquele dia, 10 minutos depois encontrou a rua. Subiu e dormiu.
No dia seguinte já não era mais a Valentina, era ela mesmo. Tinha adorado as aventuras da outra na noite anterior.
Valentina preferiu ficar em Paris, mas soube-se que às vezes ela vem ao Brasil de visita.
Friday, June 26, 2009
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2 comments:
Cá adoreii!!Queria que a amiga da Valentina viesse em Praga um dia!! ahhaah :*
posta mais!Posta mais!!
kkkkkkk, pode deixar que ela vai ;)
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