Monday, June 22, 2009

Sem cerimônias

Ela precisava voltar para ver como tinha deixado tudo. Abriu a porta e recebeu um abraço caloroso que causou pequenos terremotos em seu estômago, quase perde o equilíbrio. Não sabe se foi ele ou ela quem tomou a iniciativa do beijo, pouco importava, era recíproco.

Ele a mostrou um livro de gravuras que havia comprado, ela via as imagens fingindo um certo interesse, não queria perder seu tempo, queria ir pra cama dele que imaginava desarrumada com o lençol e o edredom enrolados. A cama desarrumada dava uma sensação de conforto. Lembrou-se de quando era pequena e a empregava faltava, encontrava sua cama toda revirada como havia deixado pela manhã, e se jogava nos lençóis, sentia a textura do algodão nas suas pernas, era um pequeno momento de felicidade.

Olhou para ele com cara de menina pidona, na mesma hora ele entendeu e fechou o livro. Pegou sua mão e a levou para o quarto.

Sentaram-se na cama e ele começou a despi-la, peça por peça, parou no sutiã, era um modelo novo, cruzado nas costas que ele ainda não conhecia, depois de analisá-lo o tirou e só ela poderia dizer como o rosto dele se iluminou ao ver seus seios que não eram grandes nem pequenos, brancos com a auréola rosada, que se destacavam do resto do seu corpo moreno de sol. Pegou-os com vontade e beijou-os. Ela se estremeceu, ver aquele prazer nos olhos dele a deixava cada vez mais excitada. Tirou a roupa dele sem o mesmo cuidado, ela precisava senti-lo, encostar cada parte do seu corpo no dele.

Aquela pele, o cheiro, tudo a deixava cada vez mais ébria. Agora ela era ela, senhora de si, sem fingimentos, sem interesses. Gozou mais rápido do que costume, já não conseguia segurar mais as fantasias que teve pensando nele por toda uma semana. Ele tão pouco conseguiu segurar.

Foi intenso. Foi explosivo. Foi a última vez.

Olharam-se e beijaram-se, ficaram grudados um ao outro pelo suor dos seus corpos. Ela não queria desgrudar, desejava que esse momento durasse pelo menos uma noite. Impossível, estavam em seus horários de almoço. Em pouco tempo teriam que voltar para o trabalho.

Ele foi ao banheiro e quando voltou a encontrou nua, sentada na beirada da cama, cantarolando uma canção que falava de um amor unilateral. Ele a olhou e fez um carinho tão terno que a emocionou, ressabiada perguntou: porque esse carinho?
Ele: saudade de você e da sua cantoria.

Apesar de tudo, ela sabia que não era possível ficarem juntos, não só porque ele não queria, mas porque ela descobriu que ele não fora feito para ela. Muito fechado, e só se abria durante o sexo. Ela tentava se abrir e ele não permitia, não queria saber. O sexo já estava de bom tamanho. Ela que gostava dos detalhes, da poesia, das complicações do ser-humano, das descobertas, não aguentou. Despediu-se ali mesmo, silenciosamente, mas ele escutou. Seus olhos de libanesa falavam mais que sua voz doce e meio rouca.

Saiu com os olhos molhados mas com um sorriso no canto dos lábios. Nada a deixava mais feliz do que uma decisão.

3 comments:

schwenck said...

caaa, já está na parte 2!!
nenhum desenho que se compare as suas palavras que já são forte o suficiente, mas foram feitos com carinho!! :P

schwenck said...

e eu realmente chorei quando li, e você precisa publicar isso menina!!
um beijo grande!!
ahh, posta mais!! :*

Carina said...

ô bunita... muito obrigada pelos desenhos. vou guardar pra sempre!
lindos demais!