Friday, November 23, 2007

O livro aberto

Ele começou a ler o livro e insistiu para que ela lesse também, ela não queria. Não que não gostasse de ler, ela gosta muito, mas estava cansada. Ele pediu tanto e ainda sugeriu que lessem juntos. Assim faziam nas noites, nas manhãs, fins-de-semana e até em algumas tardes. Realmente o livro era bom, ela se surpreendeu. Um dia ela chegou em casa e o pegou lendo o livro sozinho, pediu pra acompanhar e ele se negou, já estava muito na frente. Ela perdeu muitas partes e não conseguiu mais entender o enredo, ele se negou a contar pra ela e quando o fazia era de má vontade. Até que um dia ele disse: “Terminei o livro”, ela perguntou: “ mas você não vai me contar a história?”, ele preferiu não contar e levou o livro consigo. Ela agora fica imaginando possíveis finais pra essa história.

4 comments:

SchwencK said...

Certo dia chuvoso, indo para o trabalho, ela, que agora só andava de cabeça baixa, se deparou com um livro jogado na rua. Ficou curiosa e o levou pra casa.
Começou a ler sozinha, e o levava para todos os lugares.
Em uma sexta feira, lendo no õnibus a caminho de casa, alguém que estava sentado a seu lado também já lera aquele livro, começaram a conversar sobre ele e marcaram um encontro, para depois discutirem sobre o final daquela história.

Johnny said...

contabilidade??? no afeganistão?? como assim??!!

Casmurro said...

Foi a caminho de casa.
Ela voltava do cinema, antes havia ido ao teatro,escutado música, feito compras, havia chupado um desconhecido no estacionamento do Diamond... mas a idéia de um possível final para uma história surpreendente nao saia de sua cabeça.
Na verdade a obsessao nao é algo que desapareçe tao facilmente...
De modo que ela já nao pensava por si, já nao vivia para si; seu coraçao batia e como um sino que repica e nao se emociona ele batia por obrigaçao.
Ela tinha um corpo atrapado a uma alma morta.
Mas, a caminho de casa, no viaduto da lagoinha, suspendida entre a existência e a nao-existência o vento soprou-lhe a salvaçao: uma pagina descontextualizada do diario da tarde do dia anterior narrava:"os ipês da Pampulha, já nao floresce na primavera!"
Foi como se ela houvesse renascido. Naquele momento ela descobriu o final da história. E também descobriu o seu fim, tragicamente. E a cabo e ao fim, tudo termina tragicamente. Desgraçadamente a vida inicia num trágico choro e na dor de alguém, para terminar num trágico silêncio e na dor de cada um.

Carina said...

Juan!

PUTA QUE PARIU! Escreve um livro. Você é foda demais, gato!