Sunday, February 28, 2010

Sem paixão

Você me abraça como abraça o ar.
No seu beijo sinto todo o seu vazio.
Você não está lá quando estou.

"A razão porque mando um sorriso"

Não é que eu pense o tempo todo em você. Não.
Sua lembrança chega como um vento frio no meu pescoço, me fazendo arrepiar até a ponta dos pés. Algo que que me leva a um sorriso de olhos e lábios fechados.
Penso em você sem tristeza. Já me conformei. Existem outras distâncias entre nós além da geográfica, que não sei se conseguiríamos encurtar. Para que tentar? Com você foi sempre imortalidade, final dos filmes de Honoré. Fim no susto e ausência de despedida.

Tuesday, February 2, 2010

O hino do fim

Era noite e eu dirigia pra casa, mais tarde pegaria um ônibus pra São Paulo.
Nos ouvidos, contra a lei de trânsito, fones. Não tinha som no carro e tão pouco compraria.
Não me lembro bem quais músicas estavam tocando. Só de uma, que começava com um violãozinho e um teclado, uma estética bem mpb anos 80. Não fosse sua melodia linda, até poderia tê-la chamado de cafona. Já tinha ouvido aquela canção dezenas de vezes, mas nunca nem parei pra pensar no que o cantor falava.

Naquela noite, no meio do trânsito caótico e completando duas semanas de rompimento, pelo qual não havia derramado uma lágrima sequer, comecei a entender tudo. Tão automático como uma tradução simultânea. Foi aí que chorei. Ia entendendo e chorando.

Não. "Não mereço um beijo partido". E o verso libertador: "eu serei pra você o que não me importa saber". Desde então ouvi várias versões de Beijo partido, em português, inglês, instrumentais. Versões mais bonitas que a do compositor, como a da Nana Caymmi. Outras versões de términos nunca bonitas.

Beijo partido - Toninho Horta
Vale escutar com a Nana e com o Milton

Quem é?

Olho para as minhas unhas verdes e parece que elas não são minhas. A cor é bonita, gosto de vê-las digitando essas palavras no teclado. Mas não sou eu, o problema não são as unhas, o esmalte sai com acetona. É que não sou eu mesma.
Ontem e hoje não sou eu. É você refletindo a minha imagem naquele espelho que comprei no show de horrores e guardo em casa para os dias mais sombrios. Achei que você nunca fosse encontrar, ele estava bem escondido. Mas sempre chega o dia que eu tiro do esconderijo e o coloco na porta da minha casa: olha o meu espelho, ele me deforma! Parece loucura, mas essa sim sou eu.

Silêncio para escutar

Tem dias que é melhor se calar. Vou deixar o Chet falar por mim.
Stella by starlight