Tuesday, October 20, 2009

Começando a entender o livro, visse?

Tudo começou com olhares, tímidos dela e descarados dele. Depois de dois mojitos ela arriscou um sorriso. Após muitos olhares e sorrisos ele se aproximou.  

- Oi, tudo bem?
- Sim, de onde é esse sotaque?
- Sou do Recife.
- Ah...
- Seu nome?
- Bárbara. O seu?
- Pedro.
 
Silêncio seguido de mais sorrisos e olhares. Na falta de usar a boca para falar usaram para se beijar. Bárbara sugeriu que saíssem de perto das caixas de som para tomar uma cerveja. 

- Mas o que você faz aqui?
- Faço mestrado em Direito Internacional.
 
Ele poderia ter falado sou coveiro no cemitério local, ou qualquer outra coisa, aquele sotaque de Pernambuco fazia com que ela prestasse atenção nas palavras separadamente sem dar importância para as frases. Que coisa boa de se ouvir. Não tinha nada a ver com francês, mas para ela, apaixonada pelo idioma, era como se fosse. 

Não se sabe como chegaram a uma papo cabeça despretensioso, não importa, era ótimo. Ele dizia: 

- Sou marxista.
- Ah, um romântico como eu. – e ela ria
 
Livros, relações internacionais e aquele sotaque. Tudo perfeito. 
O estabelecimento já estava fechando, então ele a convidou para terminar o papo no seu apartamento. Ela nem conseguiu fazer-se de difícil. Pra que dificultar um momento de perfeição? Eles são tão raros... 

Chegaram na casa dele e para a sua surpresa ele colocou Take the A Train para tocar. 

- Duke Ellington?
- É. Comprei um box de cds dele, para conhecer e por causa das capinhas, são bonitinhas, não são?
- Bonitinhas? Repete! Você não tá forçando não, né? É assim que você fala mesmo?
- Bonitinha - e ele dava gargalhadas.

A forma como ele pronunciava o "ti" a encantava: Náutico, Atlético, bonitinha, sítio...
 
Ouviram músicas e conversaram até amanhecer. Sobre tudo e sobre nada. Dormiram. Mas às vezes enquanto se reviravam na cama, acordavam se olhavam com cara boa e voltavam a dormir. Bárbara teve sonhos deliciosos. Era gostoso dormir encaixada naquele corpo, sentir aquele calorzinho, um cheiro diferente, carinho...

Devem ter descansado no máximo 3 horas. No dia seguinte, ou seja, no mesmo dia, acordaram. Ele, eu não sei, mas ela continuava sonhando.

E o sonho seguiu perfeito, porém os dois tinham compromisso no dia e tiveram que se separar. E se foram sem promessas. Foi um raro momento de perfeição que agora está imortalizado. Nenhum minuto a mais, nenhum a menos. Um presente do acaso.

11 comments:

Lo said...

Barbara tem q parar com essa mania de não pegar telefones!

Lo said...

Deixe Monica agir!

Carina said...

Ela pegou hehe mas sabe que não vai dar em nada.

"Nós sempre teremos paris" hehe

bjo bonita

Telmo said...

Escorreu uma lágrima!

Telmo said...

Adoro esses momentos, mesmo não vivendo nenhum já algum tempo.

Dany said...

Owwwwwwnnnnnnn!!!!

Anonymous said...

Ai, adorei sua mais nova crônica! Um encontro casual e uma experiência tão fortuita; senti com a personagem o prazer simples de curtir o som de um sotaque e a alegria de compartilhar afinidades, ideias, papos, música; momentos despretenciosos, ah, esse encantamento gostoso e tão raro hoje em dia...

E o final então!? "E se foram sem promessas. Foi um raro momento de perfeição que agora está imortalizado. Nenhum minuto a mais, nenhum a menos. Um presente do acaso."

A-M-E-I! Tem que rolar uma coletânea, Bonita!

Carina said...

AAAAAAh gente, obrigada pelos cometários.

Adriano Docconi said...

Muito bom, mocinha! Bem legal a descrição dos detalhes dos momentos. =)

Carina said...

Valeu, adriano :)

Daniel Bayão said...

bueno, é a velha história, do "gosto tanto de mim quando estou com voce"

também prefiro parar no auge, mas o duro é saber se o auge já chegou, tipo show do milhão rsrs